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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Loja de Histórias

Muitas vezes uma imagem vale mais que mil palavras, em outras as palavras, dão um significado especial a uma pequena imagem.



Descobri o projeto Loja de Histórias há poucos dias e estou encantada. O dono da grande ideia é um publicitário brasileiro chamado Pedrinho Fonseca. Até aí nada de novo. Exstem milhares de lojas online por aí, certo? ERRADO! Essa é totalmente diferente de todas que vocês já visitaram até hoje. Lá ninguém pode comprar ou vender nada. A moda é a troca. Você envia uma boa fotografia, e ele em troca, escreve um texto de ficção. O ponto inicial de todas a histórias são fotos que as pessoas mandam. Qualquer pessoa, seja eu ou você. Ele não quer saber de absolutamente nada sobre a imagem, nem quem é, onde é, quando foi tirada, nada memo. Assim, ele cria o texto inspirado pela foto.

 Os visitantes emprestam uma fração do real, ele devolve um pedacinho de ficção, uma proposta que, em si, já é cheia de poesia. A finalidade? "Treinar o olhar (o seu) e o verbo (o meu). Unir os dois. Que a sua imagem valha mais que mil palavras, que as minhas palavras provoquem imagens. Eis o desafio" explica o autor no site.

Confira um dos seus textos:


Infantaria.

Beijou. Sabia. Sempre soube. Isso não iria ficar na amizade, apenas. Sabia, sabia, sempre soube.
Cretino. Não: cretina. Era eu, a que deveria estar ali, mas eu, ah, eu estaria beijando firmemente a sua bochecha, não agiria dessa maneira tola, infantil, amiga, beijando sua cabeça como se fosse a sua irmã, que por sinal finge não ver nada e olha para os lados, outra cretina, fingida. Beijo de padre em coroinha, beijo meia-boca. Cretina, com esse ar de menina boa, “vem cá, tu estás tão lindo nesta moto nova”, víbora, o jeito de puxar-lhe o pescoço. Víbora, atirada, cretina, fácil. Fácil. E descabelada.
E ele com essa cara de galã americano, nunca pisou nem em Miami, que dirá nos Estados Unidos. Galã, quem dera. Canalha. Certamente jamais dirá nada, um ai sequer sobre a nossa história, são isso, os dois: uma atirada e um cretino. Isso daria um conto. Preciso disfarçar, ficar aqui me lamentando vai parecer a todos que sinto algo por ele, mas sinto, o que faço, que dúvida, que sentimento horroroso, cretinos, atirados, cara de safado, a dele.
A irmã cúmplice, lógico, como não pensei nisso, cúmplice, sim, por isso desvia os olhos, que armação contra mim, bem nas minhas ventas, sem nunca ter notado e agora esta demonstração, irão dizer que é afeto, ora, que afeto, com afeto não se brinca, todo garboso nessa moto, acha que cilindrada é centímetro. Babaca.
Ai, minha cabeça, estou tonta.
Eu vou lá.
Não, melhor não.
Vou, vou sim.
Vou arrastá-la pelos cabelos até o portão da vila.
Dane-se a minha reputação.

Bom, já estou aqui escolhendo uma foto minha para enviar lá no site. Como será que ele fará o texto? Descubra acessando e favoritando www.lojadehistorias.com.

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